domingo, 27 de agosto de 2006

Mãe, no céu tem pão?

Jornal de Cocal: dia 23 de agosto de 2006
Ana Cousseau

Dizem que só entende o amor de mãe quem tem filhos. Falam que a dor da morte só pode ser compreendida por quem perdeu um ente querido. Pessoas que sofreram preconceito racial afirmam que o “branco” não tem noção do que isso significa. Quem sai do hospital após uma crise renal coloca o seu sofrimento com algo inexplicável. Vítimas de acidentes graves falam que não há palavras para descrever o horror vivenciado. Alguns idosos dizem que só sabe o que é saudade quem passou dos cinqüenta anos. Diante disso, e depois de ter sido tocada por uma parte do filme “Amor sem fronteiras”, pergunto-me: Se nunca passei fome, posso dizer que entendo a dor das pessoas que não têm o que comer ou que sobrevivem com migalhas?
Lemos reportagens sobre as misérias da África, assistimos documentários mostrando nordestinos paupérrimos comendo pedaços de cactus, encontramos pedintes maltrapilhos nas ruas, conhecemos crianças que freqüentam a escola pensando no lanche servido no recreio e de vez em quando, nos lembramos da fome porque tivemos que atrasar o horário do nosso almoço.
Na semana passada, encontrei alguns alunos rindo da tenebrosa aparência facial de um menino negro, raquítico e doente. A imagem foi recortada de uma revista e estava jogada sob uma das carteiras. Aquelas risadas não eram maldosas, eram de uma pureza inigualável. Por mais estranho que pareça, foi isso que eu senti. Após conversar com aquela turma, tive a certeza de que não me enganara. Um deles afirmou que a viu de relance e pensou que era um macaco. E, se fosse um macaco, qual era a graça? Outro quis saber se aquela foto era real. E, se não fosse real, qual era o motivo do riso? Mas, a maioria deles não havia associado aquele rosto transfigurado com a falta de comida, de água, de remédio, de cuidados e de amor. E, todos que estavam naquela sala, não sabem o que é a dor da fome.
Provavelmente nossas famílias sofrem restrições financeiras, mas, sempre há algo para pôr à mesa. Acho que eu e meus alunos, hoje, temos mais opções de alimentação do que nossos pais tiveram. Lembro-me que quando eu era criança nem sempre havia café, então, fazíamos chá de erva-mate. A gente adorava “pão branco”, aquele feito apenas com farinha de trigo. No entanto, por questão de economia, minha mãe fazia “pão misturado”, no qual ela misturava farinha de milho. Mais econômico que isso, só a polenta. Era “polenta quente” – aquela que comemos assim que é retirada da panela de ferro - e leite no jantar ou sopa de feijão, que por aqui chamam de minestra. E, no café de manhã polenta sapecada na chapa do fogão a lenha com leite. Nem sempre tinha “açúcar branco” para adoçar o leite, então, usávamos o “açúcar amarelo”, ou seja, o mascavo. No domingo, havia um almoço especial com frango assado e macarronada. É claro que o preparo era mais demorado porque tudo era caseiro. De qualquer maneira, os tempos mudaram e os hábitos alimentares também.
O que importa é que temos comida na quantidade necessária em nossa casa. Ou o que realmente importa é que há pessoas passando fome? Pior ainda, há gente morrendo de fome. Mas, tudo isso nos é tão distante! Distante no sentido de não estarmos vendo a morte acontecer dessa maneira tão cruel e também porque nos sentimos impotentes para fazer algo.
Sem conseguir amarrar direito os pensamentos e sentimentos que envolvem esse texto, concluo recordando uma pergunta que uma criança desnutrida fez à mãe antes de morrer: “Mãe, no céu tem pão?” Eu não inventei. Isso aconteceu em nosso país a mais de dez anos!

terça-feira, 22 de agosto de 2006

TEMA: DESCRIÇÃO DE UM LUGAR



Trabalho orientado pela professora: Eliane Teza Bortolotto

Texto escrito por: Alice Kanarek Colonetti


O cemitério

Vou descrever um cemitério que tem: túmulos velhos, a tampa de alguns túmulos estão abertas, as aranhas estão saindo de dentro, tem cheiro ruim, este lugar é escuro e dá medo. Tem árvores caídas no chão, tem ratos, teias de aranha e insetos entrando nos túmulos.O cemitério dá medo e é horroroso, possui ruídos, as árvores fazem sombras no chão.

Trabalho orientado pela professora: Eliane Teza Bortolotto
Texto escrito por: Lucas Benincá Agassi
A casa mal assombrada
Parecia um castelo, mas onde não morava ninguém, talvez pelo medo que tinham daquele casarão cheio de morcegos no teto, vidros de janelas quebrados, muitas teias de aranhas pela parede, teto. Telhas quebradas, e um lugar...um lugar...um lugar de congelar até os ossos de tanto medo.
É um lugar de arrepiar o cabelo de tanto medo, como se tivesse botado o dedo na tomada. Ninguém morava ali, mas havia muitas vozes, ruídos, tocava até piano.Uma casa que eu nunca queria entrar.
Havia uma janela aberta que permitia fazer uma enorme sombra de uma enorme árvore que havia na rua. Mas não era apenas uma sombra qualquer, era uma sombra...uma sombra...bem era uma sombra, uma enorme sombra.Havia também grandes escadarias, grandes e velhas escadarias. Madeiras rangiam, talvez pelos seus dois mil anos que possuíam.
Pelas coisas que havia dentro do casarão como por exemplo um caixão, só poderia ter pertencido a um desses três proprietários:· O Drácula· A família Adams· Um monstro muito...muito...bem, um monstro quer poderia morar ali.
Era uma escuridão que só vendo para crer, ou seja, só pode ser uma casa mal-assombrada.

Trabalho orientado pela professora: Eliane Teza Bortolotto
Texto escrito por: Geisiane Mesquita de Matos
Uma casa assombrada
Vou descrever uma casa muito sombria, assombrada e com pouco de tristeza no ar.
Nesta casa há vidraças quebradas, cortinas com poeira, móveis escondidos com lençóis brancos, madeiras soltas, assoalho úmido, teias de aranha nos cantos escuros, escadas em forma de caracol subindo ao topo, com corrimões quebrados.
Não há ninguém morando nela.Lá fora há um jardim com árvores secas, folhas caídas.
Junto há galhos ao chão, com um vento frio levando-as para longe. Esta casa que descrevi fica bem distante de uma cidade do mundo, num canto isolado, lá no fim do mundo.
É a casa mal-assombrada.

Trabalho orientado pela professora: Eliane Teza Bortolotto
Texto escrito por: Sabrina
Uma floresta encantada
É um lugar mágico, encantado com cheiro de flores, cheio de fadas, anões, príncipes, princesas, rios mágicos, cheios de sereias, lendas e magia.
Tem também personagens de desenho animado: Mônica, Cebolinha, Cascão e todo mundo que mora lá na floresta encantada fala, voa. Até peixe voa. Já imaginou peixe voar?!E é assim que eu descrevo esse lugar tão mágico e inexistente na realidade, mas existente na minha imaginação.

Trabalhos orientados pela professora: Eliane Teza Bortolotto

Texto escrito por: Kamila Pizoni Novaski

Uma floresta encantada

Uma floresta encantada é linda e é um lugar incrível, cheio de alegria e amor.
E a floresta que eu imagino é maravilhosa, cheia de flores coloridas, animais, passarinhos cantando, as águas dos riachos correndo para a cachoeira e até com uma sereia linda, sobre as pedras.
Lá só tem coisas boas, mas é um lugar que não existe, só em nossas cabecinhas e nas histórias infantis.
Bem que deveria existir e as pessoas boas morariam lá, acordariam de manha com o canto dos passarinhos, respirando um ar puro, beberiam água saudável e comeriam muitas frutas deliciosas e depois se divertiriam na natureza toda verde.
Brincariam com os animais que são bem mansinhos e isso tudo só poderia ser criação de Deus, né!!!É isso o que eu imagino: uma floresta encantada que é demais.Perfeita!Essa floresta é linda!!!

Trabalho orientado pela professora: Eliane Teza Bortolotto
Texto escrito por: Renan Menezes
Uma ilha deserta
Tarde linda numa ilha deserta, com um vulcão, coberta de matos, coqueiros, árvores, trilhas, com umas águas com vários tons de azul, uma areia bem macia, um morro coberto de rochas com muita vida, cheia de macacos, chimpanzés, com muito campo cheios de pássaros e vários tipos de bichos.
Um lugar tão lindo, tão solitário, que o silêncio era grande e assustador.
A natureza era bonita, pois o homem não tinha chegado até lá para destruí-la.
Uma ilha deserta que era um verdadeiro cartão postal, que só mesmo Deus poderia Ter feito um lugar tão lindo assim.Nesta ilha deserta havia muitas cavernas e lugares secretos no meio das rochas, que tinham piscinas naturais em seu interior.
Para encerrar, a ilha deserta era um verdadeiro paraíso com sua beleza natural, fauna e flora intocáveis.

Trabalho orientado pela professora: Eliane Teza Bortolotto
Texto escrito por: Carolina

Floresta encantada

Nesta floresta há muitos bichos: esquilos, coelhinhos, pássaros, etc.
Ela é toda iluminada e calma.Há muitos barulhos gostosos, um exemplo são os pássaros cantando, o bater das asas das fadas e as águas claras do lago se mexendo.
No lago há muitos cisnes e peixinhos.Ela tem muito verde e flores coloridas.
Quando chove, vem aquele cheirinho de terra molhada.As flores têm um perfume doce e ao mesmo tempo suave.
Por entre as árvores passa uma brisa refrescante e gostosa.

Trabalho orientado pela professora: Eliane Teza Bortolotto
Texto escrito por: Josué

Uma festa muito legalTudo dá água na boca. Tem muitos doces, bolo, refrigerante e muitas outras coisas.E tem música e muita alegria; todos se divertindo, dançando, cantando e pulando.Quando todos vão embora, alguém que não é convidado fica: a sujeira. Assim é uma festa de aniversário.


Trabalho orientado pela professora: Eliane Teza Bortolotto
Texto escrito por: André

Ilha desertaEste lugar que descreverei se trata de um lugar onde nenhum ser humano ainda pôs os pés.Nele se encontram variadas árvores, algumas frutíferas como a laranjeira, bananeiras e coqueiros e ali vivem muitos bichos selvagens.Quando amanhece o dia os sons das águas do mar e dos bichos se confundem, formando uma encantadora melodia.O sol, a chuva e o vento são únicos habitantes desse lugar.Esse lugar que eu descrevi é uma ilha deserta.

PROJETO: Viagem de Estudos a Florianólis

PROJETO: Viagem de Estudos para Florianópolis:
· Visita ao Projeto Tamar
· Trilha do Farol da Barra
· Caminho da Igreja da Lagoa· Visita à Ponte Hercílio Luz
· Visita ao Forte Sant’Anna
· Visita ao Museu de Armas “Major Lara Ribas”
Objetivos:
· Oferecer aos alunos uma oportunidade para conhecerem Florianópolis, a capital do Estado de Santa Catarina.
· Conhecer a base do projeto Tamar em Florianópolis na Barra da Lagoa (Leste da Ilha).
· Verificar a importância de projetos ambientais.· Conhecer algumas praias catarinenses.
· Incentivar o interesse pela prática de trilhas.· Estimular a consciência ecológica.
· Pesquisar sobre a importância histórica das diversas fortalezas de Florianópolis.
· Conhecer armas, fardamentos e munições utilizadas principalmente a partir da 2ª Guerra Mundial.
· Verificar o andamento da obras da BR 101.Desenvolvimento
· Realizar pesquisas sobre:
- Projeto Tamar- Praias de Santa Catarina
- Fortalezas da Ilha de Santa Catarina
- Br 101
· Elaborar exposições em murais da escola com fotografias, dados, informações, gráficos e textos sobre as pesquisas realizadas.
· Organizar uma apresentação em Power Point com fotografias e comentários sobre os lugares visitados. Gravar em CDs para que a viagem de estudos possa ser registrada e apresentada às famílias e à comunidade.
· Relatar o passeio coletivamente.
· Elaborar uma crônica sobre a viagem de estudos para enviar aos jornais locais.
Turmas participantes:· 7ª série (29 alunos)· 8ª série (16 alunos)
Professoras responsáveis:
· Ana Lúcia Pintro
· Alessandra Martins
· Inês KremerData da Viagem de Estudos:
Dia 27 de outubro (data a ser confirmada)
Observação:Apresentamos o roteiro do passeio na ordem em que desejamos realizá-lo. Caso o tempo previsto não seja suficiente, eliminaremos deixaremos de visitar os últimos lugares pretendidos.
ANEXOS
· Visita ao Projeto Tamar
Em Florianópolis, a sede do Projeto está situada no Loteamento Cidade da Barra, na Barra da Lagoa, a apenas 20 metros da praia. O centro de visitantes da sede possui réplicas e silhuetas das 5 espécies de tartarugas marinhas que desovam no litoral brasileiro, pôsteres e painéis educativos, tanques contendo espécimes destes animais e sala de vídeo, onde são exibidos vídeos sobre as tartarugas marinhas e o Projeto Tamar. Conta ainda com uma loja onde as pessoas podem adquirir itens da linha Tamar, contribuindo assim com a conservação das tartarugas marinhas no litoral brasileiro.
Jornal A Notícia (maio de 2006)Na base do projeto Tamar em Florianópolis, situada na Barra da Lagoa (Leste da Ilha), é possível encontrar as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil. O local foi inaugurado em abril de 2005 e visa a conscientizar e sensibilizar sobre a necessidade de conservar as tartarugas marinhas junto à pesca industrial e artesanal no Sul. O centro de visitantes conta com monitores, sala de vídeo, exposição de painéis fotográficos, informações sobre tartaruga, loja e tanques com exemplares de quatro espécies de tartarugas que desovam no Brasil. Na base funciona ainda um centro de reabilitação, onde são realizados desde procedimentos simples, como curativos, até pequenas cirurgias. O ingresso para a visita custa R$ 2,00 por pessoa.
· Trilha do Farol da Barra
Uma trilha para toda as idades. Trajeto curto e fácil, com subida gradativa. Em pouco mais de 30 minutos, uma bela paisagem panorâmica da Lagoa da Conceição, da Praia da Barra da Lagoa e da Praia do Moçambique. A trilha começa na ponte pênsil no canal da Barra, e logo em seguida percorre uma servidão até a simpática Prainha. No canto direito da praia um portão indica o sentido da trilha, e 80 metros adiante uma indicação pintada numa pedra ajuda a seguir o caminho correto. O restante do trajeto é percorrido em uma trilha bem marcada, havendo trechos com areão, mas que não exigem muito esforço; um “degrau” de pedras precisa ser “escalado”. O Farol da Barra está localizado na parte mais alta deste morro, sobre uma ampla laje de pedra cercada por gravatás.Extensão: 900 metros. Grau de dificuldade: fácil. Risco: nenhum. Preparo físico: normal. Tempo de percurso: 30min. Tipo de terreno: 250 metros são de calçamento. No restante do percurso predomina trilha de terra batida intercalada com trechos pedregosos. Orientação: fácil. Bicicletas: algum interesse no retorno, com risco de queda.
· Caminho da Igreja da Lagoa
Caminho secular que ligava a Lagoa da Conceição ao Caminho do Travessão, que por sua vez fazia a ligação do centro da cidade com o norte da Ilha. O caminho tem início numa rua de pedra construída para a passagem do imperador D. Pedro I. Em seguida, o caminho passa pela Igreja Nossa Senhora da Conceição, construída em 1780. Após a passagem pela lateral do salão paroquial e por uma casa antiga, entrar num portão à esquerda. A partir daí o caminho é percorrido sob a cobertura de mata alta e úmida nas encostas do Morro do Assopra. O último trecho é bastante íngreme e o solo de terra preta e úmida pode provocar escorregões. No final, um prêmio: ao chegar em uma rampa utilizada por praticantes de asa-delta e parapente, uma paisagem exuberante daLagoa da Conceição e da Praia da Joaquina.Extensão: 870 metros. Grau de dificuldade: médio. Risco: médio. Preparo físico: apurado. Tempo de percurso: 45min. Tipo de terreno: predomina chão de terra com intervalos com mais folhas e raízes e, no trecho final, terra preta úmida. Curto trecho com pedra, calçamento e gramado. Orientação: fácil. Bicicletas: algum interesse na descida, para quem vem do Caminho do Travessão, mas com grande risco de queda.
· Visita à Ponte Hercílio Luz , visita ao Forte Sant’Anna e Visita ao Museu de Armas “Major Lara Ribas”.Esses três pontos estão localizados na mesma área. Apresentamos uma fotocópia de um folder com mais informações.

A plantinha que ninguém vê

Jornal de Cocal: 31 de maio de 2006
Ana Cousseau

Há uma rachadura no alto da parede lateral do Palácio do Estado, antigo Fórum de Criciúma.
Os azulejos trincados chamaram minha atenção por causa de uma plantinha de uns vinte centímetros que vingou num lugar incomum. Encantada, olho para ela, que parece olhar as bandeiras hasteadas logo à frente. Impressiona-me o lugar onde a natureza a colocou e a sua resistência às intempéries e inconveniências.
Eu a vejo como um símbolo do cidadão brasileiro que trabalha, pede socorro, luta pela sobrevivência , enfrenta os problemas, mantém a consciência tranqüila e sob o concreto urbano, sente-se isolado no meio de uma multidão. Apesar disso tudo, ambos, não desistem de viver: superam o frio, o vento, a fome, a sede, acomodações ruins, o barulho infernal das buzinas, a poluição do ar e a indiferença dos semelhantes.
O prédio do Palácio do Estado abriga: o Cartório Eleitoral; A Junta Militar; A Casa da Cidadania que atende pequenas causas através do trabalho desenvolvido por estudantes da UNESC; O Tribunal Regional do Trabalho – TRT; o Procon – órgão de defesa do consumidor; O Conselho Tutelar; o GAPAC – Grupo de Apoio e Prevenção à Aids; a União das Associações de Bairro de Criciúma – UABC; e uma Organização Não-Governamental chamada Amor Exigente que trabalho com usuários de droga. Não fiz uma pesquisa criteriosa sobre os órgãos e as instituições que ocupam esse espaço, mas acredito, que estou escrevendo informações corretas.
Aquela singela plantinha representa as diversas pessoas que entram naquele prédio para cumprir com um dever cívico, participar do processo democrático, denunciar, reclamar alguns direitos, colaborar com a sociedade, ajudar necessitados ou pedir apoio e orientação. Às vezes, desesperadas e fracas, outras, fortes e conscientes. Há casos de perplexidade diante dos abusos cometidos pelos seres humanos, de revolta em relação à desonestidade e de desinteresse pela pátria. Mas, existem também, ações bonitas de grupos preocupados em melhorar a vida dos habitantes de seu bairro, das famílias, dos doentes e dos desprivilegiados financeira e culturalmente.
Fico perguntado-me, se provoquei ou não, a curiosidade de alguém. Haverá um motorista esperando a sinaleira abrir ou um pedestre andando pela Rua São José, procurando pela pequena arvorezinha presa aos azulejos cor-de-rosa? Acho improvável porque pressinto que ela será esquecida antes de morrer, assim como as pessoas carentes de assistência e carinho. Nos comovemos com as lições dadas pela vida e logo as esquecemos. Infelizmente, é assim que somos!

Viagem de Estudos à Estação de Tratamento de Água e à Barragem de São Bento

Os alunos da 801, acompanhados pela professora de Matemática e Ciências estiveram realizando passeio de estudos à Estação de Tratamento de Água, no Bairro São Defende em Criciúma e à Barragem de São Bento em Siderópolis, nos meses de maio e julho.

A calculadora serve para pensar

Ana Cousseau para o Jornal de Cocal
Tenho uma vaga lembrança da primeira vez que vi uma calculadora. Eu queria mexer, mas não me atrevia “porque não era minha e podia estragar”, segundo meus pais. E, acrescentavam: “Isso é coisa de preguiçoso! Nunca vamos gastar dinheiro com essa porcaria que serve para estragar os alunos.” É claro que essa novidade estava muito distante dos bancos escolares, naquela época.Depois de algum tempo, quando eu cursava o Magistério, via minhas colegas falando sobre algumas das funções que haviam descoberto. Minha curiosidade aflorava, porém, eu ainda não tinha uma dessas máquinas de calcular e me contentava em observá-las realizando operações com as teclas conhecidas e observando os resultados precisos e magicamente obtidos.Passado mais um bom tempo, prestes a ter meu diploma de Licenciatura Plena em Matemática, tive um professor chamado Lenoar. Jamais esquecerei da caixa de calculadoras científicas que ele levou para a faculdade, numa certa manhã de sábado. Foi então que, aos vinte e cinco anos de idade, tive a chance de aprender a usar uma tecnologia que sempre admirei. Essa aula foi um marco na minha vida: desde então, tenho me dedicado a explorar os recursos das calculadoras e buscado conhecer maneiras inteligentes de aplicá-las na aprendizagem de matemática.Tomo a liberdade de relatar um comentário que retirei de um vídeo elaborado pelo Ministério da Educação e intitulado “Fazendo matemática na sala de aula”. Um dos principais educadores do Brasil, Ubiratan Dambrósio, afirma:“Uma das coisas mais intrigantes no sistema escolar é a resistência dos professores à incorporação de tecnologia plena nas suas aulas. Há professores que resistem à utilização de calculadoras e insistem em se dar matemática achando que há alguma importância em colocar um número embaixo do outro e fazer uma adição, uma multiplicação. Isso na História da Humanidade foi um período muito curto e não foi essencial para a grande criatividade que a espécie humana tem mostrado desde a pré-história. O que é condizente à criatividade e vale à pena é a utilização total do que se tem disponível naquele momento. No momento que estamos vivendo hoje, o que é disponível: tecnologias de calculadoras, fliperama, TV, vídeo, computadores, e-mail, Internet. E tudo isso tem que ser incorporado na educação, principalmente na educação matemática que é uma educação que é parte do sistema escolar que deve apontar para o futuro, e o que deve instrumentar o indivíduo para entrar no futuro, para participar do mundo que está se delineando. Isso não se faz sem tecnologia.”Um colega de profissão, disse-me, veementemente, num encontro de estudos: “Jamais deixarei meus alunos de 5a a 8a série usarem calculadora durante as aulas”. Tenho que respeitar sua opinião porque ele tem seus argumentos. No entanto, acredito que ele - como a maioria dos pais e profissionais da educação - defendem o uso de computadores, de vídeos educativos, de filmes, da Internet e de outros recursos tecnológicos. Então, porque discriminam a calculadora mesmo sabendo que mais importante do que fazer contas de maneira rápida e correta, é interpretar o problema e descobrir quais os passos para se chegar à solução? Por que não ficam sem essa maquininha na hora de fazer as contas do mês e de fechar as médias de suas turmas? Por que a utilizam para verificar quanto receberão de aumento? Por que todos têm uma em casa?Acho que o medo de que se esteja “emburrecendo” as crianças quando as ensinamos a usar calculadoras, está na falta de conhecimento do potencial educativo dessa simples e barata “maquininha de calcular” que pode ser também, uma “maquininha de pensar”.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

O astronauta brasileiro

Jornal de Cocal:12 de abril de 2006

Os noticiários do momento voltam-se para Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro a visitar a Estação Espacial Internacional. Apesar das críticas aos gastos que o governo brasileiro teve para realizar esse projeto, sentimos um orgulho imenso porque estamos participando de descobertas científicas que normalmente pertencem aos países desenvolvidos.Numa página da internet, uma foto e uma frase do astronauta prenderam minha atenção: "Meu sonho não é conquistar o espaço. Meu sonho é conquistar o coração de cada jovem e mostrar que TUDO É POSSÍVEL quando se deseja." Perguntei-me, surpresa: "É isso que ele quer falar às pessoas? É justamente isso que eu quero que a maioria dos meus alunos entendam." Foi através de Marcos Pontes que eu disse a eles o que penso, porém, tenho consciência de que é com exemplo que vou provar minha intenção e essa tarefa não é fácil.Fiz um trabalho com meus alunos que escreveram algumas mensagens para enviar via e-mail ao astronauta. Através das escritas, percebi que alguns distorcem as informações – pensam que o astronauta foi à Lua -, outros deram os mesmos conselhos que receberam e alguns parecem dizer coisas óbvias ou originais. Há quem já sonhe em entrar em uma nave espacial e começa a imaginar seu futuro de outra maneira. Abro um espaço para que eles expressem suas idéias e seus sentimentos, por isso não corrigi nada:“Você lutou para conquistar seus sonhos e um de seus sonhos era ir para o espaço, ver a Terra lá de cima. Você é o primeiro homem mais corajoso. Tomara que você volte inteiro." (Jéssica Goulart dos Santos)“Quero parabenizá-lo por conseguir o que você desejava, lutou por seu sonho: ser o primeiro astronauta brasileiro, conhecer esse mundão.” (Francine Duarte Luiz)“Estou muito impressionada, pasma, alegre, contente, feliz, por você ter sido o primeiro brasileiro a ter visitado o espaço. Espero que você traga bastante e grandes inovações para o nosso Planeta Terra. Beijos da futura astronauta. (Érika Carolina Caetano Moura)“Não sei como é essa sensação. Mas sei que um dia você vai se lembrar e começará a rir por ser difícil, pensará muito no que você viu lá no espaço. (Jamilly Pereira Zanelatto)Meu nome é Guilherme Rodrigues, tenho 12 anos e moro em Cocal do Sul – SC. E queria te dizer que não admiro você só pelo fato de você ser astronauta. Mas, sim, porque você demonstrou força, garra e capacidade ao conquistar o seu sonho que era chegar no espaço. Era isso que eu tinha pra te falar. Admiro muito você. Tchau! (Guilherme Rodrigues)Antes de te conhecer pessoalmente já te considero um herói, porque poucas pessoas tem a coragem que você teve de ir para o espaço e se Deus quiser voltar vivo de novo ao Brasil. Seja bem-vindo novamente. (Maiara )Eu, Bruna, torci para você ter uma boa viagem. Foi muito legal realizar o seu grande sonho. Eu fiquei muito feliz porque deu tudo certo em sua viagem. Eu assistia muito a TV para ver como foi seu passeio no espaço. Eu me orgulhei de você ter essa grande coragem de ir até o espaço. Eu fique muito feliz.(Bruna)Meu sonho é poder virar uma astronauta e poder chegar ao espaço representando o Brasil, que nem você. (Francini Custódio)"Na minha opinião nenhum homem no mundo seria tão corajoso igual a você e eu te dou os parabéns por ser o primeiro homem mais corajoso do Brasil a ir para a lua. Bem que eu gostaria de te conhecer pessoalmente, cara a cara, mais isso seria só no dia que São Nunca cair de sua rede e resolver aparecer na Terra. Isso é mais do que impossível. Mas, eu, sabendo que você conquistou o Brasil inteiro fazendo essa loucura que até a sua mãe não queira deixar você fazer isso, mas mesmo assim eu fico dando pulos de alegria. Qualquer dia desses eu irei no seu site e deixo-lhe o meu para você me enviar essa resposta dessa pergunta que eu quero lhe fazer: Você foi para o espaço por fama ou por vontade mesmo?" (Dhenifer Renata Czimikski)Eu quero lhe dizer que quando eu era criança, em minha casa não havia banheiro, então, à noite quando eu ia fazer xixi no terreiro, divertia-me vendo a urina formando um rio e se infiltrando no solo, após serpentear um caminho sob à luz da lua. Nesses momentos eu me sentia pisando no mundo e sonhava em ser uma pessoa importante para a humanidade. Antes de entrar em casa, eu olhava para o céu e pedia que Deus me iluminasse para ter forças, seguir adiante e ser GENTE. Jamais vou esquecer que você existe e faz a diferença. Fazes parte das pessoas que admiro e em quem me inspiro todos os dias. Que o Universo lhe abençoe. (Professora Ana Lúcia)Há mais coisas para dizer e muito mais ainda a fazer...

Sete minutos

Jornal de Cocal: 9 de agosto de 2006

Dediquei muitas horas de estudo para conhecer um material didático interessante para ensinar polinômios aos alunos da sétima série. Planejei as aulas cuidadosamente. Fui além, elaborando jogos. Organizei a turma em grupos de quatro membros. Distribuí quadrados e retângulos azuis e vermelhos. Peguei a listagem de exercícios. Iniciei o conteúdo sempre interagindo com a classe. De repente, percebi que quatro meninos estudavam para a prova de Ciências que aconteceria assim que meu tempo terminasse. Fiquei indignada. Mais ainda, depois que descobri que aquela avaliação seria com consulta! Critiquei-os, cheia de razão, sob meu ponto de vista: “Vocês apresentam dificuldades em matemática. Eu preparo uma aula prática para que possam compreender melhor o conteúdo em questão. O que pretendem? Fico decepcionada com essa atitude que me leva a crer que realmente não preciso ajudá-los. Se reprovarem, posso lavar minhas mãos. A minha parte, eu fiz e bem feita.”Após desabafar na sala dos professores, ouvi uma sugestão: “Assista uma peça teatral gravada em DVD, intitulada Sete Minutos, com Antônio Fagundes. Irás se identificar com o ator decepcionado e irritado com as atitudes do público. Ele próprio a escreveu relando os problemas encontrados nos palcos em relação ao comportamento da platéia. Assim, vai lhe ajudar a superar essas decepções.”Sempre gostei da interpretação de Antonio Fagundes na televisão e no cinema. A partir de agora eu o admiro incondicionalmente. A peça que vi é obra de sua vivência de ator iniciada há trinta e sete anos, quatro anos antes do meu nascimento!Pude fazer comparações do trabalho dele com o meu em sala de aula, que excedem o espaço que me é reservado para escrever. Ele reclamava das tosses, dos roncos, dos celulares tocando, das balas sendo passadas, do barulho do pacote de batatinhas e do homem que teve a audácia de tirar o sapato e colocar os pés sobre o palco. Eu pensava nas coisas que perturbam, nós professores, enquanto ministramos nossas aulas: chicletes, pirulitos, papéis de bala no chão, bonés tapando os olhos, conversas sobre namorados, bolinhas de papel, espelhos, batons, escovas de cabelo, alunos na janela, recadinhos circulando, carteiras riscadas, livros esquecidos, tarefas esquecidas, materiais esquecidos, trabalhos esquecidos.O que dói não são os fatos isolados. O que nos machuca é saber que nos preparamos para apresentar um modesto espetáculo e somos desrespeitados por pessoas que deviam estar ávidas para buscar ampliar seus conhecimentos, desenvolver seu raciocínio e partilhar idéias.Fagundes, representando a si próprio na peça, recusou-se a continuar com a peça por causa do comportamento de algumas pessoas e expulsou todos do teatro. Os protestos dos expulsos e dos atrasados, impedidos de entrar, lhe renderam muitas críticas, inclusive, dos próprios colegas. Que professor já não foi criticado por não aceitar que um aluno entrasse atrasado ou por ter retirado da sala alguém que tenha lhe ofendido? Inclusive, pelos próprios colegas de profissão? Ele admite: “O ator que faço é o único que leva pancada de todos os lados e é o que mais tem a aprender.”As nossas reclamações podem ser uma declaração de amor ao Magistério. Concluo com as palavras de Antonio Fagundes: “A peça é uma declaração de amor porque estou prestando atenção a eles. Seria uma agressão se eu ignorasse aquelas pessoas. Pode fazer o que quiser que não me atinge! Não, me atinge, eu me incomodo com eles, eu me preocupo com eles. Não é só uma declaração de amor quando você diz que ama; é uma declaração de amor quando você diz que se importa.”