domingo, 12 de novembro de 2006

Relato da Ana Lúcia Pintro

Nós estávamos estudando?

Vamos organizar uma viagem de estudos? Temos ônibus de graça, pago pela prefeitura. Só não podemos ultrapassar quinhentos quilômetros. Precisamos apenas fazer um roteiro interessante e encaminhar um projeto à Secretaria de Educação. Para onde? Subiremos a serra e iremos até o Morro da Igreja? Alguns pais vão achar arriscado demais, apesar de ser menos perigoso que andar pela BR 101. Tem o Parque Escola, em Balneário Camboriú. Não dá porque ultrapassa a quilometragem permitida. O Museu da PUC em Porto Alegre seria ideal, pois os alunos da oitava série estudam Química e Física? Não pode porque fica fora de Santa Catarina. Então, vamos visitar Florianópolis. Certo, vamos escolher os pontos turísticos! Que turmas levaremos? A sétima e a oitava série que juntas tem quarenta e quatro alunos. É importante convidar alguns pais. Todos vão? Acho que sim, afinal os adolescentes curtem sair e os gastos serão mínimos.” Depois disso tudo...

Organizamos um roteiro que consideramos interessante para um grupo de alunos que mora no Bairro São Simão de Criciúma. Pensamos em explorar pontos históricos, estimular a consciência ecológica e oportunizar o deslumbramento de praias famosas da capital.

Finalmente chegou o dia da viagem! Por incrível que pareça não conseguimos lotar o ônibus. Vários alunos não quiseram participar do passeio, outros, não foram autorizados pelos pais que tinham seus motivos. Quem gosta de conhecer o mundo, não entende os que preferem ficar em casa quando surge uma oportunidade dessas! Pensando bem, temos a tendência em acreditar que o que é bom pra nós, deve ser bom para o outro. Acho melhor voltar ao assunto...
Tivemos um dia maravilhoso e proveitoso com a ajuda do tempo e do guia turístico que ao sinal de “Muita calma nessa hora. Muita hora nessa calma” e “Alô, neném!”, atraia nossa atenção.
A euforia foi grande quando passamos em frente a casa do tenista Guga. E ele, sequer estava lá!

Depois de percorrer ruas tortuosas, nossa primeira parada foi na praia da Joaquina, freqüentada por surfistas. Fomos cercados por vendedores ambulantes de óculos de sol. Respeitamos o tempo de quinze minutos e retornamos ao ônibus.

Logo depois, estávamos pisando sobre o Museu Arqueológico ao Ar Livre na Barra da Lagoa. O que havia lá? Marcas nas pedras, que segundo os pesquisadores, são indícios de que há mais de quatrocentos anos, os índios estiverem lá amolando suas facas. Penso que os alunos não tinham noção do significado histórico daquele lugar, mas certamente não esquecerão do que viram. Atravessamos uma ponte pênsil e percorremos a trilha do Farol da Barra curtindo uma bela paisagem panorâmica da Lagoa da Conceição, da Praia da Barra da Lagoa e da Praia do Moçambique.

Visitamos uma das bases do Projeto Tamar (ta de tartaruga e mar de marinha). Na sala de vídeo vimos pendurados esqueletos de golfinho e tartaruga. Conhecemos tartarugas que vivem em tanques. A monitora explicou: “As tartarugas respiram via pulmões e logo que nascem entram no mar. As fêmeas retornam para as areias somente no período da desova; os machos nunca voltam. Os ovos são chocados pelo calor da areia e o sexo é determinado pela temperatura.” Não compramos lembrancinhas por causa dos preços altos.

Paramos o ônibus em frente ao Museu de Armas Major Lara Ribas que guarda peças bélicas interessantíssimas. Descemos rapidamente até o Forte Sant´Anna, mas não conseguimos observar cuidadosamente os canhões porque caia muita areia do alto da Ponte Hercílio Luz que está sendo restaurada. Os trabalhadores estavam usando o jato de areia para desenferrujar as estruturas metálicas.

Antes de chegarmos a Praca XV, o guia provocou: “Prestem atenção. Vamos encontrar uma figueira centenária que tem o poder de atender alguns pedidos, para isso é preciso dar voltas ao redor dela, conforme o que desejam.: uma volta, pra achar namorado; duas, pra casar, três pra divorciar-se; quatro, pra nunca casar; e cinco, pra viuvar-se. Mas, atenção, pra dar certo tem que dar a volta da esquerda pra direita.” Várias alunas sossegaram somente depois de dar as voltas. Foi em frente a essa famosa árvore que tiramos a foto clássica e que nos trará muitas recordações. Enquanto nos organizávamos, um senhor idoso, fez questão de repetir que aquela árvore tinha cento e trinta e cinco anos!

Passamos pelo Mercado Público, ficamos chocados com as crianças que dormiam em frente a Igreja de São Francisco e conhecemos peças artesanais e alguns monumentos que mostram parte da história da nossa capital. Enfim, estudamos muito nesse dia.

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