DATA DA VISITA: 27/11/2006
Jadna observa e Camila faz anotaçoes sobre o funcionamento do motor exemplificado numa experiência simples.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre José Francisco Bertero está localizada no Bairro São Simão, município de Criciúma em Santa Catarina. Este espaço está sendo construído para trocar de experiências, registrar atividades desenvolvidas e ampliar a comunicação entre os membros da comunidade escolar.
Jornal de Cocal:12 de abril de 2006 Os noticiários do momento voltam-se para Marcos Pontes, o primeiro astronauta brasileiro a visitar a Estação Espacial Internacional. Apesar das críticas aos gastos que o governo brasileiro teve para realizar esse projeto, sentimos um orgulho imenso porque estamos participando de descobertas científicas que normalmente pertencem aos países desenvolvidos.Numa página da internet, uma foto e uma frase do astronauta prenderam minha atenção: "Meu sonho não é conquistar o espaço. Meu sonho é conquistar o coração de cada jovem e mostrar que TUDO É POSSÍVEL quando se deseja." Perguntei-me, surpresa: "É isso que ele quer falar às pessoas? É justamente isso que eu quero que a maioria dos meus alunos entendam." Foi através de Marcos Pontes que eu disse a eles o que penso, porém, tenho consciência de que é com exemplo que vou provar minha intenção e essa tarefa não é fácil.Fiz um trabalho com meus alunos que escreveram algumas mensagens para enviar via e-mail ao astronauta. Através das escritas, percebi que alguns distorcem as informações – pensam que o astronauta foi à Lua -, outros deram os mesmos conselhos que receberam e alguns parecem dizer coisas óbvias ou originais. Há quem já sonhe em entrar em uma nave espacial e começa a imaginar seu futuro de outra maneira. Abro um espaço para que eles expressem suas idéias e seus sentimentos, por isso não corrigi nada:“Você lutou para conquistar seus sonhos e um de seus sonhos era ir para o espaço, ver a Terra lá de cima. Você é o primeiro homem mais corajoso. Tomara que você volte inteiro." (Jéssica Goulart dos Santos)“Quero parabenizá-lo por conseguir o que você desejava, lutou por seu sonho: ser o primeiro astronauta brasileiro, conhecer esse mundão.” (Francine Duarte Luiz)“Estou muito impressionada, pasma, alegre, contente, feliz, por você ter sido o primeiro brasileiro a ter visitado o espaço. Espero que você traga bastante e grandes inovações para o nosso Planeta Terra. Beijos da futura astronauta. (Érika Carolina Caetano Moura)“Não sei como é essa sensação. Mas sei que um dia você vai se lembrar e começará a rir por ser difícil, pensará muito no que você viu lá no espaço. (Jamilly Pereira Zanelatto)Meu nome é Guilherme Rodrigues, tenho 12 anos e moro em Cocal do Sul – SC. E queria te dizer que não admiro você só pelo fato de você ser astronauta. Mas, sim, porque você demonstrou força, garra e capacidade ao conquistar o seu sonho que era chegar no espaço. Era isso que eu tinha pra te falar. Admiro muito você. Tchau! (Guilherme Rodrigues)Antes de te conhecer pessoalmente já te considero um herói, porque poucas pessoas tem a coragem que você teve de ir para o espaço e se Deus quiser voltar vivo de novo ao Brasil. Seja bem-vindo novamente. (Maiara )Eu, Bruna, torci para você ter uma boa viagem. Foi muito legal realizar o seu grande sonho. Eu fiquei muito feliz porque deu tudo certo em sua viagem. Eu assistia muito a TV para ver como foi seu passeio no espaço. Eu me orgulhei de você ter essa grande coragem de ir até o espaço. Eu fique muito feliz.(Bruna)Meu sonho é poder virar uma astronauta e poder chegar ao espaço representando o Brasil, que nem você. (Francini Custódio)"Na minha opinião nenhum homem no mundo seria tão corajoso igual a você e eu te dou os parabéns por ser o primeiro homem mais corajoso do Brasil a ir para a lua. Bem que eu gostaria de te conhecer pessoalmente, cara a cara, mais isso seria só no dia que São Nunca cair de sua rede e resolver aparecer na Terra. Isso é mais do que impossível. Mas, eu, sabendo que você conquistou o Brasil inteiro fazendo essa loucura que até a sua mãe não queira deixar você fazer isso, mas mesmo assim eu fico dando pulos de alegria. Qualquer dia desses eu irei no seu site e deixo-lhe o meu para você me enviar essa resposta dessa pergunta que eu quero lhe fazer: Você foi para o espaço por fama ou por vontade mesmo?" (Dhenifer Renata Czimikski)Eu quero lhe dizer que quando eu era criança, em minha casa não havia banheiro, então, à noite quando eu ia fazer xixi no terreiro, divertia-me vendo a urina formando um rio e se infiltrando no solo, após serpentear um caminho sob à luz da lua. Nesses momentos eu me sentia pisando no mundo e sonhava em ser uma pessoa importante para a humanidade. Antes de entrar em casa, eu olhava para o céu e pedia que Deus me iluminasse para ter forças, seguir adiante e ser GENTE. Jamais vou esquecer que você existe e faz a diferença. Fazes parte das pessoas que admiro e em quem me inspiro todos os dias. Que o Universo lhe abençoe. (Professora Ana Lúcia)Há mais coisas para dizer e muito mais ainda a fazer... |
Jornal de Cocal: 9 de agosto de 2006 Dediquei muitas horas de estudo para conhecer um material didático interessante para ensinar polinômios aos alunos da sétima série. Planejei as aulas cuidadosamente. Fui além, elaborando jogos. Organizei a turma em grupos de quatro membros. Distribuí quadrados e retângulos azuis e vermelhos. Peguei a listagem de exercícios. Iniciei o conteúdo sempre interagindo com a classe. De repente, percebi que quatro meninos estudavam para a prova de Ciências que aconteceria assim que meu tempo terminasse. Fiquei indignada. Mais ainda, depois que descobri que aquela avaliação seria com consulta! Critiquei-os, cheia de razão, sob meu ponto de vista: “Vocês apresentam dificuldades em matemática. Eu preparo uma aula prática para que possam compreender melhor o conteúdo em questão. O que pretendem? Fico decepcionada com essa atitude que me leva a crer que realmente não preciso ajudá-los. Se reprovarem, posso lavar minhas mãos. A minha parte, eu fiz e bem feita.”Após desabafar na sala dos professores, ouvi uma sugestão: “Assista uma peça teatral gravada em DVD, intitulada Sete Minutos, com Antônio Fagundes. Irás se identificar com o ator decepcionado e irritado com as atitudes do público. Ele próprio a escreveu relando os problemas encontrados nos palcos em relação ao comportamento da platéia. Assim, vai lhe ajudar a superar essas decepções.”Sempre gostei da interpretação de Antonio Fagundes na televisão e no cinema. A partir de agora eu o admiro incondicionalmente. A peça que vi é obra de sua vivência de ator iniciada há trinta e sete anos, quatro anos antes do meu nascimento!Pude fazer comparações do trabalho dele com o meu em sala de aula, que excedem o espaço que me é reservado para escrever. Ele reclamava das tosses, dos roncos, dos celulares tocando, das balas sendo passadas, do barulho do pacote de batatinhas e do homem que teve a audácia de tirar o sapato e colocar os pés sobre o palco. Eu pensava nas coisas que perturbam, nós professores, enquanto ministramos nossas aulas: chicletes, pirulitos, papéis de bala no chão, bonés tapando os olhos, conversas sobre namorados, bolinhas de papel, espelhos, batons, escovas de cabelo, alunos na janela, recadinhos circulando, carteiras riscadas, livros esquecidos, tarefas esquecidas, materiais esquecidos, trabalhos esquecidos.O que dói não são os fatos isolados. O que nos machuca é saber que nos preparamos para apresentar um modesto espetáculo e somos desrespeitados por pessoas que deviam estar ávidas para buscar ampliar seus conhecimentos, desenvolver seu raciocínio e partilhar idéias.Fagundes, representando a si próprio na peça, recusou-se a continuar com a peça por causa do comportamento de algumas pessoas e expulsou todos do teatro. Os protestos dos expulsos e dos atrasados, impedidos de entrar, lhe renderam muitas críticas, inclusive, dos próprios colegas. Que professor já não foi criticado por não aceitar que um aluno entrasse atrasado ou por ter retirado da sala alguém que tenha lhe ofendido? Inclusive, pelos próprios colegas de profissão? Ele admite: “O ator que faço é o único que leva pancada de todos os lados e é o que mais tem a aprender.”As nossas reclamações podem ser uma declaração de amor ao Magistério. Concluo com as palavras de Antonio Fagundes: “A peça é uma declaração de amor porque estou prestando atenção a eles. Seria uma agressão se eu ignorasse aquelas pessoas. Pode fazer o que quiser que não me atinge! Não, me atinge, eu me incomodo com eles, eu me preocupo com eles. Não é só uma declaração de amor quando você diz que ama; é uma declaração de amor quando você diz que se importa.” |